1.6.05

Resposta da Mônica ao Desafio IV

O Instante


Ela, se olhando no espelho, tentando arrumar os fios rebeldes que insistiam em desobedecê-la. Ele, procurando por um par de meias dentro de uma gaveta em desordem. Distraídos, não percebiam que estavam sozinhos. Entretidos em seus afazeres, nem olhavam uma para o outro; o olhar estava perdido entre a rebeldia do cabelo e a bagunça de uma gaveta.
Ele foi o primeiro a despertar. Encontrando suas meias que teimavam em se esconder, colocou-as nos pés. Calçou o tênis e, então, olhando para o espelho, observou a menina que tentava se arrumar. Sim, ele achava sua menina muito bonita. Mas ela, ainda distraída, não percebia seus olhos, e, por isso, continuava sua tarefa árdua. Ele, sentado, apenas a observava.
Levantou-se. Colocou suas mãos na cintura dela. Viram-se no espelho: formavam um bonito casal. Sorriram um para o outro. E ele, afastando os cabelos dela, deu um rápido beijo em seu pescoço. Parou. Ela olhou profundamente nos olhos dele, através do espelho. E ele deu um novo beijo, só que, dessa vez, mais sutil. Ela fechou os olhos.
Um de frente para o outro, agora não se viam mais. Os lábios finalmente se encontraram de uma forma bem devagar. Sentiam-se somente. A sutileza permitia que sentissem suas bocas e suas respirações. Pausa. Olhos semi cerrados, somente tinham um ao outro. Ela fechou as pálpebras novamente e sua boca deslizou pelo pescoço dele. O cheiro do perfume fez com que ela não se contivesse. E, ao beijá-lo, sentiu um leve estremecimento, uma espécie de surpresa com aquela pequena ousadia. E ela ficou encantada ao descobrir aquela inocência escondida.
Ele puxou-a mais para si. Tocaram os lábios ainda mais uma vez e abriram os olhos. "Precisamos ir, ou vamos chegar atrasados", ela disse. Ele concordou, mas nenhum dos dois se moveu. Eram irresistíveis um ao outro.
E, dessa vez, o beijo foi mais intenso. Ele não só a abraçava, a apertava contra si. As mãos dela, em volta do pescoço dele, prendiam-no com força. Era um beijo de urgência, mas ao mesmo tempo tinha uma delicadeza ao seu redor. Pausa. Ela, agora, foi a primeira a despertar. "Meu amr, já é hora!" E eles se separaram.
Olharam-se. Não queriam se separar, mas o tempo urgia, impiedoso. Respiraram fundo. Os corpos, ainda próximos, insistiam em se atrair, como um ímã e seus pólos opostos. Mas não podiam mais.
Ela voltou a pentear o cabelo, ele, a amarrar os cadarços. Estavam atrasados. Aquele instante mágico estava terminado. E eles nunca saberiam quando ele aconteceria novamente.

2 Comentários:

Blogger Mariana disse:

Puta q o pariuuuuuuuuuuu!!!!

Mônica, a cada desafio vc me surpreende mais e mais... Primeiro, foi o corno raivoso. Depois, a prostitua. Aí veio aquele poeta de pegada. E agora, eis q me deparo com um texto fofamente tesudo!!!!!!

Admiro muito pessoas q sabem juntar com maestria tesão com delicadeza em um só texto. Fico orgulhosa de ti, Eva!

Bjos bjos bjos!

6/01/2005 11:56 PM  
Blogger Paty disse:

O beijo tesudo!!!!! :))) Sim, essa é uma descrição altamente sensorial do amor de um belo casal. Romântico e sexy, sem dúvida. Gosto da cena dos dois à frente do espelho, muito cinematográfica (e eu já mencionei sexy? :D)

Narração precisa do turbilhão de emoções que um singelo beijo pode fornecer. A pontinha de tristeza da última frase deixa o leitor com um gosto amargo na boca, ácido contraste com o sabor sensual do beijo. Mas vale a pena. Afinal, a despedida foi apenas temporária.

Outra forma de ver o conto é como a história de um casal que já mora junto e cujo relacionamento não vai muito bem, perdido na monotonia diária. E essa cena seria um momento mágico emulando os tempos de namoro. A despedida seria a volta à rotina normal.

Seja qual for a interpretação, o texto funciona muito bem! :)

6/06/2005 3:26 AM  

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