Círculo das Trovadoras de Minerva: Resposta da Aline ao Desafio XIII

21.8.06

Resposta da Aline ao Desafio XIII

Tipo de texto: Poesia
Tema: O Brasil perdeu a Copa do Mundo de 2006 para a Alemanha, na final. Os alemães se vingaram da derrota de 2002.

Schadenfreude*

Vingança, agora, onde há quatro anos
Havia apenas pranto! É no momento
do teu tão aguardado julgamento
que regozijo-me em cantos profanos.

Toda Berlim assiste em desalinho
A nosso Ballack recebendo a taça:
Visão que aperta a súbita mordaça
no tão falante povo canarinho!

Quando tombado o sonho de titã
(Sofrendo Dida como sofreu Kahn
E teus Ronaldos a empalidecer),

Faço descaso do teu gol perdido
E, irônico, peço perdão, amigo:
Agora, a tua derrota é meu prazer.

*Sentimento de alegria gerado pelo sofrimento ou infelicidade alheios.

2 Comentários:

Paty disse:: E que estréia em poesia no grupo, hein maninha? Um soneto excepcional sobre a Copa!

Tem uma visão e tanto aí desse caráter de embate épico que o futebol por vezes tem.

E, pombas, um soneto! De métrica e rima impecáveis. Simplesmente perfeito. :)
(melhor, só se tivesse sido realidade, hehehe); 8/21/2006 7:44 PM
Anônimo disse:: Caraca!!!! Um soneto!!!!! E sobre futebol!!!!!!
Muito bom!!!!!!
Com enjambement e tudo...
:D; 8/31/2006 6:53 PM

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A realidade é dura, seca, por vezes cruel. A realidade não romanceia, não faz alarde, não enrola. A realidade termina num ponto final, e por essas e outras parece tão complexa (embora na verdade seja simples demais).

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É na paixão que a vida tem início, e somente através dela é que seguimos em frente. Somos instigados, guiados ao último parágrafo por desejos, amores, curiosidades; alimentamos a alma com pequenos mistérios. O derradeiro ponto final é só a última das respostas.

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A criatividade é contraditória. Viajando numa paisagem de letras, vírgulas, pontos, metáforas, personificações e palavrões, persigo o brilhantismo sendo clichê. Derramo sentimentos com absoluta frieza no coração. Procuro a beleza das palavras com o que elas têm de mais vulgar. E sou cáustica e crua na tentativa de ser gentil. Contradição, superficialidade e raiva fazem parte do meu (horror)show. Assim como ironia e liberdade. E escrever deve ser liberdade para ser de tudo, de um Deus a uma merda.

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Melancolia. Para mim, um traço fundamental. Mas não a melancolia piegas, clichê. É aquela que caminha junto com você, onde quer que você vá. Que infelizmente ocupa boa parte dos nossos dias pelo simples fato de pararmos pra pensar na vida, e ver que talvez ela pudesse ser melhor. Não só para mim, para todo mundo. E é isso que eu faço: eu escrevo sobre a vida. E como as pessoas às vezes sofrem com ela.

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A vida é feita de contrastes. Luz e sombra. Silêncio e som. Em um ritmo constante e pulsante. Não há porque negar o lado sombrio, os pensamentos mais obscuros. Escrever é vida, catarse e ritmo. Link direto com o inconsciente. Com um bom vocabulário, de preferência.

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É aquela que não gosta de falar sobre si mesma, mas aqui vale o esforço. Sua grande meta é virar amiga íntima das palavras, assim elas não mais exigirão tanto esforço mental para surgirem, fortuitas e perfeitas, sobre o papel (aliás, sejamos modernos, sobre as páginas do Word!). Está aqui para testar novas experimentações, e também para ser criticada. Seguramente, uma crítica construtiva a deixará muito mais satisfeita que um elogio amarelado.

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