23.8.06

Resposta da Patrícia ao Desafio XIII

Tipo de Texto: Crônica.
Tema: Um professor antigo de uma escola católica se apaixona por uma aluna de 14 anos. Os dois são pegos em flagrante pela diretora, aos beijos.

O amor não tem idade

Esta frase, usualmente dita no contexto de uma relação romântica, jamais seria usada para descrever o fato recém-ocorrido em uma escola católica paulista. Nela, um professor veterano (de Literatura, talvez?), cinqüentão, foi flagrado aos tórridos beijos com uma aluna de quatorze anos. “Pedofilia!” Bradaram uns. “Absurdo!” Disseram outros. “Incesto!” Exaltaram-se uns terceiros.

Mas será mesmo o fato tão hediondo? Vejamos. Aos quatorze anos, uma menina já virou mulher. Não só biologicamente. Algo amadurece e o sexo oposto passa a chamar a atenção que só o diferente de si exige. Tudo sabe a novo então. Já aos cinqüenta, anseia-se pelo novo com sofreguidão (e, convenhamos, quem sente sofreguidão já está mesmo um tanto passado), pois vive-se um viver rotineiro, medíocre, modorrento.

Sendo assim, não há estranheza quando os hormônios em ebulição aquecem o ocaso da meia-idade. A mesma meia-idade da crise que os faz comprar Porsches – brinquedos que não tiveram quando meninos. Como diz aquela música, “Quem quer viver para sempre?” Impossível precisar, mas muitos certamente querem ser “Eternamente jovens”, lembrando outra canção. Para a moça, saber-se capaz de atrair a atenção de um homem mais velho, além do doce sabor da transgressão, simboliza a entrada definitiva na vida adulta. Onde um rejuvenesce, a outra amadurece.

Ou seja, pode mesmo ter havido amor além do platônico nesta relação complementar. No beijo roubado do rosto coberto de giz. Ela ainda com o gosto do iogurte da merenda na boca. Elixir da vida. Rejuvenescem-se ambos. Culpam-se ambos. Afinal, o catolicismo ensina a sentir culpa com perfeição.

O aspecto surreal desta situação vem do seguinte: até relativamente pouco tempo era absolutamente normal que garotas fossem desposadas por homens mais velhos, numa época em que não havia Internet, TV, ou qualquer outro meio de comunicação de massa usualmente considerado responsável pela sexualização precoce das crianças.

Ouve-se a grita novamente dizendo que ele vai corromper a moça, tão nova e inexperiente. Ora, se é consensual de ambas as partes, o que se há de fazer? Nem todo homem de cinqüenta anos é um velho tarado e nem toda garota de quatorze, uma criança inocente. No fim das contas, amor não tem mesmo idade. E, não importa o desfecho dessa história, certamente haverá muito que se contar aos netos.

Na prática, contudo, o mundo não funciona assim. O professor jamais dará aulas novamente. Perderá a família, ficará sozinho, converter-se-á em pastor evangélico a praguejar contra a luxúria do mundo. Já a aluna mudará de cidade, quiçá de país. Vai virar professora e namorar um aluno. A vida pode ser bastante irônica.

3 Comentários:

Blogger Paty disse:

Comentar a próprio obra é o ó, mas foi algo que esqueci de dizer na reunião: este é um texto que me parece mais interessante lido do que ouvido. :)

No mais, não foi mesmo das melhores coisas que já escrevi. Acho que é o menos interessante que já fiz pras Trovadoras. Tá esquemático, defende uma opinião que nem sei se é a minha e só mostra um lampejo de brilho no último parágrafo.

8/23/2006 7:02 PM  
Anonymous Anônimo disse:

Oi, Paty, tudo bem?? Voltei... fiquei feliz com minha positiva recepção por parte de vocês, mesmo depois do meu "arroubo" (palavra difícil em sua homenagem ;-) anônimo!

Vi que vc não gostou muito do resultado... Eu não achei ruim não. Achei que vc sintetizou tudo bem quando diz que ele rejuvesnece enquanto ela amadurece. Acho que é isso que acontece... Talvez a pressão por escrever te fez optar por essa opção que não se sabe que é sua. Eu também não tenho essa opinião, mas esses casos na realidade, nunca são claros, nunca dá pra se saber realmente o q se passou, não dá pra saber a índole e os pensamentos, é difícil... nos resta especular.
Aconteceu um caso desses na minha escola... com um professor que eu adorava, e nunca imaginei que faria isso, acabara de ser pai, tava felizão. A história é tão mal contada e cheia de vácuos, q nunca vai se saber. Ele não vai falar sobre isso. Ela, bem... disse que ele a beijou e teve um ataque de choro depois. Contou pra mãe, que fez um escândalo. O prof. se defendeu. A menina o acusou de frente. Ele se calou. Foi demitido... Há uns meses, me disseram que ele ia voltar. E eu sei se isso é verdade???

8/24/2006 12:12 PM  
Blogger Aline Brandão disse:

Fazer o quê? Não dá pra ser brilhante sempre. (Aliás, esse comentário também vale pra dona "meu-texto-tá-uma-merda" Mariana. XD)

Bom, não tenha dúvidas: é crônica, sim. E mesmo que não seja exatamente sua opinião, você conseguiu arrumar os argumentos direitinho, de uma forma leve (como sói acontecer na crônica). Não é o seu melhor texto, mas nem por isso é um texto ruim. :D

8/24/2006 5:11 PM  

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