3.4.06

Resposta da Patrícia ao Desafio IX

Sentou-se à frente do micro. Hesitou por um instante se abriria o MSN para bater papo, mas decidiu escrever. Sentiu vontade de fazê-lo, embora soubesse que o labor da escrita seria árduo. As palavras lhe doíam mas ao mesmo tempo havia o ímpeto de dizê-las, pois assim obtinha uma certa paz advinda da autocompreensão. E já estava farta de acumular textos inacabados nos recônditos de sua mente.

Abriu o editor de textos, então. Olhou pela janela e quando ia digitar as primeiras palavras foi interrompida pelo cachorro pedindo atenção. Alguns afagos, e o yorkshire se contenta em ficar em seu canto para deixá-la escrever.

Tanta coisa a dizer e não sabia bem por onde começar. Seus textos exalavam uma densidade que parecia vir de alguém muito mais vivido. De onde surgia tamanha emoção? Tinha um misto de orgulho e receio em descobrir.

Até para contrabalançar, conscientemente ou não, cultiva um lado fofo, de histórias românticas e animes divertidos, além da recente paixão por uma certa banda alemã de rock industrial. Por vezes sente uma espécie de inércia, como se fosse mera espectadora da vida. Nessas horas, os amigos dizem para não ter pressa, pois cada um faz de sua existência uma experiência única e particular. E não é preciso viver freneticamente para se descobrir viva, certo?

Tirando esses momentos down, comuns a qualquer ser vivente, não tem do que reclamar. Gosta da faculdade, dos amigos, é também uma ótima amiga, do tipo que dá o ombro para chorar sem problemas.

É um tanto fechada para falar de si mesma, é verdade. Talvez meio intimidada diante de outras pessoas com mais história pra contar. Ou apenas esperando o momento melhor para se expor. Isso pode levar tempo.

Ok, chega! Já está na hora de despir-me das vestes de narradora onisciente. Como definir a pessoa que eu tirei? Em uma palavra eu diria: intensa. Com um mundo de sentimentos dentro de si, à flor da pele, prestes a transbordar. O que explica o tom extremamente emocional de seus textos. Alguns são mais fofos e românticos, como uma parte dela o é, mas no geral há neles uma força atordoante. Aquele bendito texto do desafio dos Beatles não só quase me fez chorar em público como até hoje causa um calafrio quando ouço “The Long and Winding Road”. De onde vem tanta tristeza e por vezes angústia em alguém tão nova? Não acreditando em reencarnação, resta a esta que vos digita especular ao vento.

Em conversas aleatórias no MSN, na ECO, nas festas no apê ou nos momentos confessionais-grupais do povo descobri que temos bastante coisa em comum. O que deveria tornar este texto de alguma maneira mais fácil. Ledo engano. Como falar sobre alguém sem cair na vã enxurrada de adjetivos laudatórios?

Vamos tentar. Vejo uma criatividade acachapante, multimídia, uma expressividade gritante e um vasto talento para colocá-la em desenhos, textos, fotos ou piadas babacas. Vejo também uma certa autodesconfiança, um medinho do enfrentar o mundo sem alguém para protegê-la e para tomar decisões por si. E há também alguma dificuldade para lidar com sentimentos, esses seres estranhos e misteriosos. Embora a arte ajude, e como, na propalada catarse.

Mas não vou me ancorar na recém-conquistada balzaquianidade para me arvorar a dar conselhos - até por me achar absolutamente inapta para tal. Em vez de admoestações ou auto-ajudices, apenas uma certeza: você vai ser feliz. E eu pretendo estar por perto quando isso acontecer.

1 Comentários:

Blogger Aline Brandão disse:

Acertou direitinho, maldita. XD

Não sei bem o que dizer (típico, né?). Acho que fico com um "muito obrigada", por me traduzir em palavras de uma forma que eu mesma não tenho muita coragem de fazer. E pela mediunidade, também! Previu com precisão minha batalha pra começar a escrever! Inclusive com minha eterna dúvida existencial, "abro ou não o MSN?"! XD

Adorei, linda. No que depender de mim, o final tá garantido.

PS: O aspecto circular dessa reunião torna tudo ainda mais mágico. A estrelas estão a nosso favor, mesmo.

4/04/2006 3:15 PM  

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